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Meios de pagamento: 4 tendências para 2022

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O sistema financeiro em Portugal, e em particular os meios de pagamento, serão condicionados em 2022 por quatro grandes tendências.

Prever o futuro pode ser um exercício inglório, especialmente, tendo em conta o atual contexto de incerteza e as rápidas transformações que testemunhamos todos os dias. Contudo, é inegável que assistimos ao desenvolvimento de novas tendências que estão a exercer um profundo impacto na forma como os consumidores se relacionam com as empresas e também no modo como estes agentes (particulares e organizações) interagem com as instituições financeiras.

Um novo modelo de sistemas de pagamentos – apoiado em soluções digitais mais cómodas – está a ganhar terreno. As empresas que não compreenderem estas mudanças correm o risco de ficarem para trás e deixarem de ser competitivas. As entidades financeiras mais tradicionais – que não incorporarem e disponibilizarem estas inovações – arriscam-se a perder relevância e quota de mercado.

Embora não esteja munido de uma bola de cristal, acredito que o sistema financeiro em Portugal, e em particular os meios de pagamento, serão condicionados em 2022 por 4 grandes tendências.

1. Novos instrumentos de crédito estão a chegar ao comércio online

O crescimento acelerado protagonizado pelo comércio eletrónico ao longo dos últimos dois anos imprimiu uma nova dinâmica nos meios de pagamento a nível mundial e levou à adoção de novas soluções que trazem, não só maior comodidade para os consumidores, mas também potenciam o negócio das empresas. O Buy Now, Pay Later (BNPL) é exemplo dessa tendência. Trata-se simultaneamente de uma solução de pagamento e de financiamento online.

Com esta ferramenta, o crédito ao consumo está a ser transportado para o mundo digital, com a vantagem do processo de aprovação de crédito ser realizado rapidamente e com taxas de juro muito baixas. De acordo com algumas estimativas, em 2025 o BNPL terá uma taxa de penetração acima dos 40% nas compras online realizadas pela Geração Z e pelos Millennials.

2. Crescimento do MBWay e implementação de pagamentos via WhatsApp

O futuro dos sistemas de pagamento é moldado, por um lado, pelo desenvolvimento de novas soluções tecnológicas e também pelo surgimento de novos hábitos dos consumidores – em especial das gerações mais jovens. Neste contexto, formas de pagamento que proporcionem uma boa experiência de compra, sejam rápidas, flexíveis e de fácil utilização vão ganhar terreno.

Como tal, é expectável que o peso das operações realizadas através do MBWay continue a crescer em 2022 e ganhe expressão face às referências multibanco e aos cartões bancários. Seguindo a mesma linha de pensamento, outras formas de pagamento também ligadas aos smartphones – como a Apple Pay, o Google Pay, ou mesmo com os pagamentos realizados com recurso ao WhatsApp – apresentam igualmente um grande potencial de crescimento.

3. “Apetite” pelas criptomoedas vai continuar

À semelhança do que acontece um pouco por todo o mundo, também em Portugal as empresas estão interessadas em receber pagamentos em criptomoedas. Não restam dúvidas: as moedas digitais privadas vieram para ficar. Mesmo junto dos reguladores há um novo entendimento sobre a relevância do papel revolucionário que as moedas digitais estão a desempenhar no sistema de pagamentos global.

Ao longo deste ano, assistiremos certamente a novos desenvolvimentos sobre este tema: é possível que mais bancos centrais implementem projetos-piloto com vista à criação de moedas CBDC (Central Bank Digital Currencies) e que os consumidores europeus possam experimentar e testar o yuan digital.

4. Entrada de novos players na área dos serviços financeiros digitais

A Revolut lançou o seu banco em Portugal no final do ano passado. Também a Sonae está a lançar um conjunto de serviços financeiros digitais para pequenas empresas, através do Universo Negócios. Estes exemplos comprovam como o ecossistema de serviços financeiros digitais é favorável em Portugal.

Para os players que agora estão a chegar, o grande desafio consiste em desenvolver soluções que sejam realmente diferenciadoras e apresentem vantagens suficientemente atrativas para que os consumidores e empresas sintam que vale a pena mudar.

No caso da banca tradicional, deverá verificar-se um esforço de adaptação a este novo enquadramento e acelerar a inovação nas suas organizações. Como disse uma vez o economista Daniel Bessa num debate: “quem não inova, sai de cena”.

Artigo de opinião de Sebastião Lancastre para o Eco.